sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Baseado em e -mails reais :)

Para Julia.


O tempo nunca mais será um inimigo. O medo já não é um desconhecido, Ju. Tudo que não agrada ainda pode ser reinventado, a segurança com que te escrevo é só minha timidez com medo de aparecer. Minhas dores são minhas asas. Você também esquecerá este tempo que passou e seguirá os próximos dias como se estivesse em um novo caminho, porque estará. Começará a andar de cabeça erguida com a graça de um adulto e voltará a sonhar com a leveza de uma menina. Nós perdemos o controle do tempo e fomos percebendo o quanto as verdades se misturaram com as mentiras, só agora tivemos a coragem de separá-las. Porque uma verdade não se mistura, porque a mentira, essa, é má influencia, porque finalmente podemos enxergar: o tempo não cega, Ju. Abre os olhos. Tudo pode ser reinventado, a gente tem que viver o lado errado para ter certeza de que não vai querer fazer parte dele. Não desviaremos mais os caminhos do que nossos olhos apontem, um olhar nunca se engana e a felicidade não aceita segunda opção. A felicidade é um caminho longo e não se pode caminhar um pequeno trecho por dia por dia. Ou se anda sempre ou se está sempre parado. Quando seguimos caminhos traçados já não somos nós mesmos, somos o resto do mundo. Não somos ninguém. Os sonhos adormecem, os desejos adormecem, o medo não adormece, Ju. Passa a noite em claro. Ou você aprende o medo ou o medo prende você. Eu também já estive preso por muito tempo, meus pés grudados no chão como se criassem raízes, minhas mãos amarradas, os olhos assustados deles mesmos. Meus sonhos quase morreram. Eu quase adormeci. Ju, o que nos faltou será vivido de outra maneira, o tempo nunca mais será um inimigo. Estaremos acordados, independente do que houver. A incerteza do nosso destino é essa sede de viver que nos aquece.

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